[Odontologia no Ar] Restauração dental precisa de higiene e cuidados específicos

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[Odontologia no Ar] Restauração dental precisa de higiene e cuidados específicos
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Cárie não dá na restauração, ela precisa de estrutura dental natural, mas a interface da restauração com o dente é uma região de vulnerabilidade, então precisa ser mantida sempre limpa.

Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE em setembro de 2020, constatou que dos 162 milhões de brasileiros, acima de 18 anos, 34 milhões perderam 13 dentes ou mais. A melhor solução para essa realidade ainda é a prevenção, ou seja, higiene bucal eficiente desde a infância e consultas regulares ao dentista. Mas, mesmo assim, muitos precisam restaurar os dentes e as causas podem ser várias, ou por cárie, por lascados entre outros. As restaurações são procedimentos que reconstroem a forma, função e estética do dente e precisam de cuidados, tanto do profissional que a faz, como do paciente. Elas também têm tempo de duração, como conta o professor Carlos Eduardo Francci, do Departamento de Biomateriais e Biologia Oral da Faculdade de Odontologia (FO) da USP.

O professor explica que, além do restauro para eliminar a cárie ou corrigir rachaduras e pedaços quebrados, o restauro também é utilizado em situações mais específicas, como, por exemplo, quando há espaços entre os dentes e eles são pequenos para a arcada dentária. “Esses espaços, chamados diastemas, podem ser preenchidos com um aumento do contorno dos dentes, isso também pode ser chamado de restauração, então restaurar é também para dar a forma mais adequada para a estrutura dental.”

Sobre os materiais utilizados para as restaurações, o professor diz que, após limpeza é aplicado um ácido no esmalte, seguida de uma colinha na estrutura dental e de uma luz para polimerizar (processo químico) e aquele espaço é preenchido com resina composta em camadas, fazendo nuances estéticas com cores diferentes para ficar o mais natural possível ou colado ali a uma restauração de cerâmica. “Essas são as formas mais comuns, mas também pode ser feita a restauração com cerâmica, em laboratório e fora da boca, com a resina composta também, mas, no geral, são utilizados basicamente esses dois materiais.”

O tempo de duração de uma restauração com resina composta, diz o professor, é em média de oito anos ou mais. “Com o passar dos anos ela tende a absorver um pouco mais de fluidos e isso vai gerando uma degradação nas suas cadeias poliméricas, ou seja, na estrutura da resina composta, ela pode começar a se pigmentar e deixar marcas.” Já as cerâmicas, segundo Francci, a vida útil estimada é de 15 anos ou mais. “Nem todas as restaurações vão ter essa vida útil. Por questões estéticas, geralmente após um clareamento, o paciente sente necessidade de trocar as restaurações.”

O professor lembra que é consenso entre os profissionais da odontologia que deve existir um total controle da umidade no ato da restauração, especialmente no momento de aplicar o sistema adesivo, ou seja, a colinha na estrutura dental, pois qualquer contaminação, seja por saliva com sangue ou a própria umidade da respiração, pode comprometer seriamente a colagem dessa restauração ao dente. A seleção do material, seja resina ou cerâmica, também é essencial, segundo Francci. “Um excelente polimento na superfície dessas restaurações, para que tenha o mínimo de acúmulo de placa bacteriana, é essencial para uma boa longevidade dessas restaurações.”

Já o paciente, diz o professor, em geral precisa fazer aquilo que é básico, uma boa higiene bucal, uma escovação correta e uso do fio dental para sempre manter o menor acúmulo de placa bacteriana sobre estrutura dental. “Cárie não dá na restauração, ela precisa de estrutura dental natural, mas a interface da restauração com o dente é uma região de vulnerabilidade, então precisa ser mantida sempre limpa.”


Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

Edição: Rádio USP Ribeirão