[Odontologia no Ar] Uso de enxaguatórios bucais no consultório odontológico reduz a quantidade de micro-organismos

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[Odontologia no Ar] Uso de enxaguatórios bucais no consultório odontológico reduz a quantidade de micro-organismos
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A orientação para esse uso faz parte do protocolo de diversas associações odontológicas e agências de saúde e ainda não há evidência para respaldar a recomendação de uso dos enxaguatórios para evitar a contaminação pelo novo coronavírus

Como já abordamos no podcast Momento Odontologia, os enxaguatórios bucais são importantes instrumentos para a complementação da higiene bucal. Mas poucos sabem que esses produtos também são essenciais no atendimento odontológico. Quem explica os motivos dessa importância no Momento Odontologia desta semana é o professor Cláudio Mendes Pannuti, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. 

Segundo Panutti, para explicar o motivo, é importante comentar que uma das vias de contaminação cruzada no consultório odontológico é pelo aerossol. O aerossol é gerado pelo spray da caneta de alta rotação, o popular “motorzinho”, e pelo ultrassom, entre outros aparelhos. O spray desses aparelhos pode se misturar à saliva, sangue e outras secreções bucais do paciente, que contêm vírus e bactérias, assim, o aerossol gerado, frequentemente, contém micro-organismos, que ficam suspensos no ar por horas. “Esses micro-organismos suspensos podem ser aspirados ou entrar em contato com a mucosa dos olhos, podendo causar infecção nos pacientes e na equipe odontológica.”

Por isso, afirma o professor, há evidência de que bochechar com enxaguatório antes de um procedimento reduz a quantidade de micro-organismos na boca e a chance de contaminação cruzada no consultório dental, além de reduzir também o risco de uma infecção no local, por exemplo, após uma cirurgia bucal. O professor lembra que o uso do enxaguatório faz parte do protocolo de diversas associações odontológicas e agências de saúde, como o Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 

Ambiente hospitalar

Já no ambiente hospitalar, o professor diz que há estudos que mostram que certos antissépticos bucais, como clorexidina, por exemplo, reduzem o risco de pneumonia hospitalar, relacionada à ventilação mecânica. Nessa situação, o antisséptico é aplicado por profissionais, que usam escovas de dente, gaze ou swabs para passar o produto nos dentes e mucosas bucais. “Isso ocorre porque o uso de clorexidina reduz a quantidade de bactérias na boca, que de outra maneira poderiam ser aspiradas.”

Sobre os enxaguatórios mais indicados no consultório, Pannuti diz que existem diversos princípios ativos. Clorexidina, cloreto de cetilpiridínio e óleos essenciais que são indicados para bochechos pré-procedimento, ou seja, antes do atendimento odontológico. “Já no ambiente hospitalar, a substância com maior evidência de eficácia para reduzir o risco de pneumonia hospitalar é a clorexidina.”

O professor encerra afirmando que alguns estudos de enxaguatório pré-procedimento são da década de 1960 e 1970, mas que não existe nenhuma evidência para respaldar a recomendação de uso dos enxaguatórios para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.


Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

Edição Sonora: Gabriel Soares

Edição Geral: Cinderela Caldeira